Independência??????
Momento de reflexão........
O DIA DA INDEPENDÊNCIA (Crônica-aguda)
Marcio Funghi de Salles Barbosa
Lembro da minha primeira “parada”. Era assim que se chamava o desfile do Dia da Independência. Eu fazia a quarta série do primário e só a partir desta idade, mais ou menos dez anos, era permitido desfilar.
À
tarde do dia seis iniciei meus preparativos, engraxando os sapatos
pretos, até ficarem brilhando. As meias pretas de 3/4 foram postas
esticas sobre a banqueta do quarto; em cima delas uma calça comprida
azul, com vincos perfeitos e num cabide, a camisa branca de manga
comprida, com o bordado no bolso, onde se lia “Grupo Escolar Lúcio dos
Santos”. Era todo o uniforme.
Dois meses de
treinamento de marchas e fanfarra acompanhando, além das professoras
inseminando-nos um patriotismo maravilhoso, onde o gesto de desfilar na
“parada” era explicado como um tributo à nossa Pátria (em maiúscula
mesmo), nosso berço, que deveria ser reverenciada e defendida com a
própria vida.
Depois desta primeira “parada”,
todos os outros asteamentos de bandeira que se faziam diariamente no
pátio do grupo, passaram a ter um significado tão importante para mim,
que me emocionam até hoje.
As nossas professoras,
salvo exceções, iam à parada bem vestidas, perfumadas e nos sentíamos
envaidecidos de estarmos ali. No palanque oficial, o governador, o
prefeito e as demais autoridades, rendiam homenagens a nós e sentíamos
como era bom ter funcionários diligentes, como eles.
Àquela
época, percebo hoje, já existiam demagogos, como José Maria Alkmin,
Tancredo Neves e o próprio Getúlio Vargas. Mas eles sabiam arrebatar as
platéias. Eram cultos, usavam o discurso para nos enlevar. Tinham
respostas para os adversários e para as questões dos eleitores.
Hoje,
vejo os meninos indo para os “desfiles de 7 de setembro” com o mesmo
entusiasmo que íamos à “parada”. Só que aos 14 anos, começam a ter
vergonha de participar. Vêem com enfado as festas e muitos não sabem
sequer cantar o Hino Nacional inteiro.
Os
políticos dos nossos tempos continuam demagogos. Só que sem cultura. Ao
participarem de comícios e debates, conjugam verbos estranhos, como o
“ponhar”, não sabem o que responder e saem pela tangente, respondendo
abobrinhas.
Será que o patriotismo não está em
declínio, porque temos dirigentes incompetentes? Não será que estamos
confundindo Pátria com esses pretensos donos dela? Porque será que eles
se apossam ditatorialmente de seus cargos, sem ver que são nossos
empregados?
Tenho certeza de que tudo isto
ocorre, porque estamos ficando cada dia mais incultos, fechados. Estamos
deixando, por omissão, que verdadeiros doentes mentais se candidatem e
exerçam o mandato em nosso nome.
No fundo mesmo, o
que estou esperando no próximo Dia da Independência, é que consigamos
refletir sobre estes problemas e nos comprometamos com o patriotismo que
ainda nos resta, de forma a buscarmos o melhor para este país, que
ainda é dependente em ignorância, sobretudo.
Equipe Nelcy Noronha
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